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43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA

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“Fazer um filme é uma loucura porque, no fundo, não faz sentido”, diz Maria Flor no Memórias do Cinema
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14 de Novembro de 2018
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“Fazer um filme é uma loucura porque, no fundo, não faz sentido”, diz Maria Flor no Memórias do Cinema

Maria Flor, 35, encerrou o ciclo de depoimentos Memórias do Cinema, há 11 anos na programação da Mostra, no domingo, 21/10.

Durante uma hora, no Instituto Moreira Salles, a atriz-diretora relembrou as obras que marcaram sua infância e adolescência e também falou a respeito da importância do set de filmagem. “Fazer um filme é uma loucura porque, no fundo, não faz o menor sentido. Todas aquelas pessoas inventando um universo inteiro. Mas é tão bonito estar junto, é tão bonito chegar no set”, afirmou. Ela contou, ainda, detalhes do processo para a realização de Filme Ensaio, documentário que marcou sua estreia na direção de longas e integrou a seleção da 42ª Mostra.

Abaixo, leia trechos do depoimento.

DRIVE-IN
“Ainda criança, ia com os meus pais ao cine drive-in. Lembro de várias coisas: da tela, que geralmente era maior do que a do cinema tradicional, da caixinha de som que ficava presa no retrovisor e de que podia comer no carro. A gente ia na sessão da noite e eu não podia entrar, mas meus pais me colocavam no banco de trás deitada, enrolada em uma cobertinha e eu entrava. Ficava assistindo aos filmes de adulto, mas, na verdade, eu estava muito mais interessada no hambúrguer e na batata frita que ia ganhar. E, claro, eu gostava de ficar com eles ali e de ter aquela experiência. Pensando na memória que eu tenho do cinema essa é a primeira mais marcante.”

INFÂNCIA E MAGIA DO CINEMA
“Um filme bem impressionante para mim foi o Fantasia (1940), da Disney. Ficava angustiada de ver aquele filme, mas, na época, eu ainda não sabia o que era angústia. Acontecia bastante coisa no filme e aquilo ia me dando um certo nervoso. Não sabia se gostava ou se não gostava, mas na primeira vez que vi o Fantasia na tela grande eu saí muito impressionada e falei: `mãe, não sei se gostei do filme porque é muito colorido e eu não entendi, sobre o que ele é?`. E, realmente, o Fantasia é super complexo.”

“Tenho um enteado de quatro anos. A relação dele com o cinema e com todo o audiovisual ainda está sendo construída. E eu quero muito mostrar E.T. - O Extraterrestre (1982) para ele porque foi o primeiro filme que eu vi e falei: `uau, isso é cinema, agora entendi que o cinema é isso, é a bicicleta voando`. Primeiro senti medo, mas o E.T. é um cara muito legal. O cinema tem a potência de fazer você acreditar em coisas que você não acreditaria. O Martim [enteado] acredita que o Harry Potter existe. Para ele, existe. Tanto que em dezembro ele vai fazer aniversário e ele fala: `eu quero que o Harry Potter venha. Se a gente chamar, ele vai vir`. E eu não vou quebrar isso. Deixa ele achar que o Harry Potter vai vir porque o cinema faz isso. A dramaturgia faz isso.”

FILMES DA ADOLESCÊNCIA
“Construindo minha memória cinematográfica tem um filme marcante para a minha geração: o Titanic (1997). Talvez ele tenha sido o primeiro filme que eu vi com efeitos especiais absurdos, um negócio muito incrível. Quando o barco afundou e o Jack [personagem do Leonardo DiCaprio] morreu, aquilo acabou com a minha vida. E eu vi Titanic 14 vezes porque era uma experiência maravilhosa, para mim, ver aquilo. Mesmo sabendo que o Jack ia morrer e que ela [a Rose, vivida por Kate Winslet] ia ficar gritando: `Jack, Jack, Jack`. Eu queria ver o barco, eu queria ver ele se apaixonando. Porque eu acho que vamos criando muito as nossas referências de afeto, de amor e de tristeza através das imagens que a gente vê.”

“A minha referência de apaixonamento é com Meu Primeiro Amor (1991). É o Macaulay Culkin fazendo aquele filme em que ele morre no final. Eu me apaixonei pela primeira vez ao mesmo tempo em que vi aquele filme e, para mim, aquele filme está relacionado àquela minha imagem de apaixonamento na adolescência. Aquilo é a coisa mais linda do mundo. Como é que mataram ele no filme? Como fizeram isso com a gente? É uma coisa terrível, é a tragédia. Eles não podem ficar juntos e você vai construindo as suas imagens de amor. E a gente vai criando essas imagens com as referências que a gente tem, com as coisas que a gente assiste.”

O TEMPO E O CINEMA
“Como é que a gente faz para não perder a ligação com o cinema, com a experiência de sentar e permanecer ali duas horas assistindo uma coisa que alguém elaborou durante um tempão? Tem uma coisa do cinema que talvez a gente tenha perdido um pouco por conta de todas as séries e de todas as pequenas telas que temos usado. Não que você não possa ter séries interessantes, mas acho que a gente tem perdido esse momento de olhar para algo e ficar ali fazendo só aquilo, olhando para aquela tela e vendo aquele filme, tentando pensar sobre ele. De algum jeito, é uma tristeza que eu tenho. O tempo mudou. A gente não se relaciona mais com o tempo da mesma forma.”

“Há dez anos, eu ia bem mais ao cinema do que vou agora. Hoje em dia, escolho e falo: `esse filme eu preciso assistir no cinema`. Mas você vê no streaming, baixa de algum lugar, você prefere ver uma série que tem meia hora, que é o tempo que você dá conta de ficar ali focado. E isso é um pouco triste da contemporaneidade. Talvez a gente consiga fazer um movimento, em algum momento louco de tudo o que estamos vivendo, de voltar, de negar um pouco a tecnologia e olhar o nosso tempo de um outro jeito.”

INSPIRAÇÕES COMO ATRIZ
“Fiquei impressionada quando vi a Gena Rowlands em Uma Mulher sob Influência (1974), do [John] Cassavetes. Como ela foi capaz de fazer isso? Como ela conseguiu construir essa personagem meio louca, agressiva, mas amorosa? Como ela conseguiu fazer tudo isso, ter tantas camadas numa pessoa só? Como ela foi capaz de dar conta de tudo isso?”

“Outro dia, zapeando a televisão, estava passando Eles Não Usam Black-Tie (1981) e eu resolvi ver. Não sei se por conta do que a gente está vivendo, fiquei ali e achei aquele filme muito moderno, de uma beleza, de uma organicidade muito louca. O cinema tem esse poder. Fiquei assistindo ao filme e, fora a cena da Fernanda Montenegro na chuva, que é um clássico do cinema brasileiro, eu vi uma cena do [Gianfrancesco] Guarnieri com a Fernanda na cama conversando. Achei aquilo tão bonito, aqueles dois atores ali encontrando um jeito juntos de fazer uma cena, de construir um afeto que fosse tão real, tão potente, tão bonito que atravessasse a tela e a gente pudesse realmente olhar para eles e falar: `eu acredito nesse casal, eu acredito nisso`. E isso é muito difícil de acontecer. São dois atores brilhantes. E é muito diferente da Gena Rowlands, que dá quase um show. Ela é uma louca exuberante, que fala, que muda de cara e, de repente, surpreende de uma outra forma. Não, era uma coisa calma, mas tão viva, e, às vezes, isso é até mais difícil de fazer para um ator. Fazer uma coisa que seja presente e, de algum jeito, real, mesmo não sendo real.”

A PAIXÃO PELO SET
“Meu pai é técnico de som de cinema e a primeira vez em que estive em um set foi no do filme Lua de Cristal (1990) porque ele estava trabalhando no filme e eu queria muito ver a Xuxa. Cheguei no set e, imediatamente, eu me descolei. Vi a Xuxa, falei com ela e eu já estava achando outras coisas legais. Estava achando que era muito mais legal entender aquilo ali. `Por que as pessoas estão fazendo isso, pai?, mas como é que é isso?, essa câmera está ali por quê?`, perguntava. Comecei a ficar muito mais interessada no set do que na Xuxa. Acho que me apaixonei pelo set ali nesse primeiro contato com o meu pai.”

“Depois o set foi fazendo parte da minha vida. Como atriz, meu primeiro set foi o de O Diabo a Quatro (2004) e eu estava com muito medo. Tinha 19 anos e não fazia a menor ideia do que era o trabalho do ator, de como funcionava um set de filmagem, de como me relacionar com a câmera, com o som, com tudo. Eu estava muito perdida, mas lembro que entendi que ali era um lugar meio mágico. E tenho isso comigo até hoje. Fazer um filme é uma loucura porque, no fundo, não faz o menor sentido. Todas aquelas pessoas inventando um universo inteiro. Mas é tão bonito estar junto, é tão bonito chegar no set.”

OBRAS MARCANTES
“Um filme que ficou muito tempo comigo foi Amor (2012), do [Michael] Haneke. Primeiro, achei muito triste, mas, depois, ele não era mais triste. Talvez a nossa construção de amor é que esteja errada. O amor que a gente constrói na cabeça da gente não é isso, é outra coisa. E aí o Haneke vai e faz um filme duríssimo e chama de Amor. Eu fiquei pensando que o amor talvez seja uma coisa dura mesmo, algo mais complicado do que a gente está acostumado a ver em outros filmes.”

“Sempre gostei muito de comédia romântica. Fui formada por essa comédia romântica tipo Um Lugar Chamado Nothing Hill (1999) ou até algumas mais engraçadas, como Quem Vai Ficar com Mary? (1998). Esses filmes mais leves, mas muito legais. Eu adoro, por exemplo, Um Lugar Chamado Nothing Hill. Acho um filme maravilhoso, que comunica para caramba, que faz pensar. É uma comédia romântica com um protagonista homem. Fomos crescendo com essa ideia de amor. Aí o Haneke vai e desconstrói completamente a ideia de amor. E, na verdade, a ideia de amor dele é muito mais possível e real. Acho difícil aquele fim, não consegui entender. Tive que conversar com muitas pessoas para conseguir chegar a alguma conclusão. Foi um filme que ficou ali na minha cabeça por muito tempo.”

“Outro filme que adoro, que mexeu comigo e que também tem uma ideia de amor é o Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2004). Também tem dois grandes atores, a Kate Winslet, que faz muito maravilhosamente bem, e o Jim Carrey, que é o cara totalmente da comédia e que ali se reinventa, que ali consegue fazer uma outra coisa. Ainda que ele consiga fazer humor de algum jeito, ele faz um humor muito melancólico, muito triste.”

“Um outro longa que também fiquei sem entender —na verdade, não entendi até hoje— é o Sinédoque, Nova York (2008), que acho lindíssimo. Acabei o filme e fiquei pensando: `cara, esse filme é muito bom, é muito lindo`. Mas eu não entendi nada. Como é que ele resolveu fazer esse filme, por que tem aquelas coisas que caem, se desconstroem? O que ele está querendo dizer com isso? O Charlie Kaufman é um roteirista muito interessante, muito especial.”

DIREÇÃO
“Nem posso dizer que sou exatamente diretora do Filme Ensaio porque ele é tão coletivo. Foi um trabalho que começou em 2014, quando resolvi filmar o processo de uma peça. A Andréa Beltrão, a Mariana Lima e a Malu Galli, que são três atrizes importantes do teatro, resolveram fazer uma peça juntas e, como sou amiga delas, me aproveitei disso e pedi para ir filmá-las. Mas em nenhum momento eu sabia exatamente o que queria fazer com aquele material filmado. Eu estava pesquisando o teatro. Naquele momento, eu nunca tinha feito teatro. Sou uma atriz muito do cinema e digo isso com orgulho porque eu me entendo mais no cinema mesmo. Hoje em dia eu já fiz teatro. Para mim, o teatro é muito mais difícil como construção do que o cinema. Gosto da ideia da câmera, gosto de fazer para a câmera. Então, eu tinha muita curiosidade para saber como é o processo teatral. Aí resolvi filmar e depois fiquei com cem horas de material e não sabia muito bem como contar essa história.”

“Foi assim que chamei dois roteiristas, o Emanuel Aragão [marido de Maria Flor] e o Adriano Guimarães, e começamos a construir o roteiro. O filme, na verdade, é sobre uma atriz olhando três atrizes e pensando sobre o processo de estar em cena. Fui construindo isso junto com os roteiristas. Foi um processo difícil, longo. Filmei em 2014 e o filme teve a primeira projeção aqui na Mostra, em 2018. É emocionante olhar e falar: `eu fiz isso`. Acho que sou outra atriz depois do filme. E acho que sou diretora agora. Tenho que assumir isso.”

Ana Elisa Faria

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